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SUELI CABRAL

A banqueteira carioca Sueli Cabral Duarte, 45 anos, e o marido, Ronald, artista plástico, formam um casal muito especial, sensível e talentoso. O dia da entrevista e da sessão de fotos foi emocionante e inesquecível para nós. Na casa deles, enquanto Sueli abria o coração e contava tudo o que viveu, Ronald ficou o tempo todo ao lado dela, abraçado, deixando as lágrimas correrem. Nos emocionamos com eles. Os filhos, Thomás e Lys, que eram pequenos na época, deixavam tudo mais alegre, brincando ao nosso redor.

Como paciente de câncer de mama, Sueli foge às estatísticas, como ela mesma conta: “Não tinha casos de câncer na família, levava e ainda levo uma vida saudável, cuido muito da qualidade da minha alimentação e amamentei meus filhos por muito tempo. Além disso, não passei por nenhum trauma. Naquele momento, em especial, estava superfeliz com minha profissão e com meu casamento. Por isso foi difícil acreditar que o nódulo que notei ao me tocar era realmente câncer. Até o médico, meu ginecologista e também meu amigo há 23 anos, estranhou muito no início. Ele me pediu para repetir várias vezes os exames.

Primeiro, eu achei que ele se abalou demais. Ficou revoltado e me disse em prantos: ‘Não pode ser, não pode ser…’. Eu fiquei comovida com a preocupação dele, mas, ao mesmo tempo, me espantei com aquela reação. Naquela hora, queria mesmo um apoio profissional. Pensei até em mudar de médico. Precisava de alguém que me desse segurança, e não do amigo indignado, que chorava comigo.”

Sueli chegou a procurar outro profissional, mas, depois de um tempo, mais consciente de como enfrentar aquele fato novo em sua vida, voltou ao médico e amigo de tantos anos e agradeceu todo o carinho e cuidado que ele teve com ela. Sueli se trata com ele até hoje.

“A gente fica numa montanha-russa emocional, sem saber o que querer ou esperar das pessoas. Um dos meus desafios foi lidar com as emoções do meu marido.” Ronald sofreu muito com as transformações e dificuldades que Sueli enfrentava durante o tratamento. “Mesmo assim, ele foi e continua sendo um supercompanheiro, teve toda a paciência comigo e continua sempre ao meu lado”, revela Sueli.

“Precisa de muita coragem e vontade para encarar cada etapa. Não é nada fácil. Mas, se quiser muito você transforma a situação. Eu queria muito. E ainda quero.”

O casal Sueli e Ronald e os filhos Lys e Thomás se tornaram referência para o Projeto “De Peito Aberto”. Uma das histórias contadas por Sueli até hoje é um marco em nossas palestras sobre o projeto por todo o Brasil. Quando ela soube da doença, Lys tinha três anos e meio e ainda mamava. Ela nos mostrou uma foto tirada antes de tudo acontecer, com a filha mamando em pé, pendurada em seu peito. Depois do susto do diagnóstico ela teve que encarar a difícil tarefa de reunir os filhos para contar o que estava acontecendo e o que viria pela frente. “Eu não tinha opção. As crianças eram pequenas, mas tinham que saber”. Sueli, usando sua intuição e sabedoria, continuou: “‘Crianças, a mamãe está doente’. Eles arregalaram os olhos com a notícia, mas em seguida eu os tranquilizei: ‘Não se preocupem porque a mamãe vai se tratar e ficar boa’. Eles relaxaram e eu fui em frente: ‘Só que durante o tratamento, a mamãe vai ficar careca.’ Eles se assustaram de novo. ‘Não vai ser nada, rapidinho o cabelo cresce’, eu disse.

E aí veio a parte mais complicada: ‘Tem mais uma coisa: para eu ficar boa vou ter que tirar o peitinho’. Lys, que mesmo grandinha ainda mamava, encheu os olhos de lágrimas. Eu rapidamente completei: ‘Não fiquem tristes porque logo eu vou colocar outro peitinho, tá?’” A menina, aliviada, pegou Sueli de surpresa e franzindo a testa e coçando a cabecinha perguntou com a rapidez e a pureza que só as crianças têm: “Ah, então mamãe o peitinho novo pode vir com chocolate?” “Ela queria uma mãe milk shake”, como relembra a mãe, sorrindo ao contar a história e provando como as crianças podem levar encantamento e doçura até para um momento tão devastador como esse.

Com a autorização da mãe e da filha nós sempre contamos essa história linda nos diálogos que promovemos sobre o projeto em todo o país. Os “meninos”, o marido Ronald e o filho Thomás, aplaudem e se emocionam. Todas as vezes que repetimos esse episódio, os risos e as lágrimas são inevitáveis. E reconfortantes!

Outra vitória de Sueli foi recuperar sua autoestima. Quando nos conhecemos, ela já havia retirado a mama direita – daí a ideia de colocar um girassol sobre a cicatriz. Na época, ela estava decidida a não fazer a reconstrução. Não queria passar por mais uma operação. Mas, ao participar do projeto, posar para as fotos, nos acompanhar em tantas palestras e dar seu depoimento, mudou de ideia e resolveu fazer a plástica. Nos fez uma surpresa viajando para Brasília, na abertura da exposição lá, para nos mostrar o resultado e participar do diálogo. Mais um encontro inesquecível.

Hoje, seguimos exibindo as imagens do casal Ronald e Sueli, mostrando como o apoio da família faz toda a diferença. Sueli está bem, sempre nos manda notícias. Está mais ativa do que nunca, trabalhando e cuidando da saúde física e emocional. As crianças já são lindos jovens cheios de planos e orgulhosos dos pais. Suas histórias nos acompanham e tocam o coração de quem visita a exposição e participa das palestras por onde andamos…


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