O enfrentamento do câncer se torna menos penoso quando quem recebe o diagnóstico pode contar com a ajuda de pessoas de seu convívio para revezar o papel de cuidador e de acompanhante em consultas, exames e sessões de quimioterapia e radioterapia. E, permitir que parentes e amigos ajudem a vivenciar e a lidar com a angústia, os medos e os altos e baixos que essa situação envolve não só estreita os laços de amor entre todos como ainda reforça a esperança de que tudo pode dar certo

Por medo de se tornar um fardo ou causar sofrimento, muita gente que recebe o diagnóstico do câncer demora em contar o que está acontecendo ou até se afasta da família e dos amigos. “Dá para entender que esse tipo de medida é pautada pelo amor, já que é tomada pensando em poupar quem se ama. Mas é importante lembrar que as pessoas do convívio também ficam abaladas e, por vezes, sentem-se impotentes diante da situação. Tanto é que o apoio psicológico não se limita ao paciente: ele também é dado a todos de seu ciclo de convivência”, esclarece a psicóloga Sirlene Ferreira.

Por experiência, a especialista conta que, de maneira geral, as famílias que mais se apoiam são as que melhor enfrentam os difíceis momentos do tratamento oncológico e em que o paciente se sente mais motivado a aderir e não desistir do cuidado.

Tudo muda, para melhor

Segundo a psicóloga Sirlene Ferreira, a união para o enfrentamento do câncer, por vezes, reúne ainda mais as pessoas. Há até casos em que conflitos são resolvidos com mais facilidade, já que todos estão estimulados a tornar o ambiente mais leve, saudável e amoroso.

Diante de um relacionamento melhorado, as pessoas se sentem mais tranquilas, inclusive, para falar abertamente de quando é preciso dar mais ou menos atenção ao paciente. “Há momentos em que o melhor a fazer é deixar a pessoa tentar retomar sua rotina, para que ela se sinta útil; ou até mesmo deixa-la sozinha, para que descanse nas ocasiões em que a sonolência e a falta de energia estão em alta, o que geralmente acontece depois de fazer as sessões de quimioterapia e radioterapia”, avisa a psicóloga Sirlene Ferreira.