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TANIA GOMEZ

Tania Gomez, 63 anos, pedagoga de Curitiba. Ela venceu o câncer valorizando o bem-estar físico e emocional. Faz palestras e oficinas, ensinando a criar o Chaveiro da Vida e levando informações que elevam a autoestima das pessoas e conscientizam as mulheres sobre a importância da detecção precoce.

Tania Mary Gomez é professora aposentada e descobriu o câncer de mama em estágio inicial, em fevereiro de 2001, num exame de rotina. O ginecologista pediu que ela fizesse uma mamografia, 10 meses depois do último exame.

 “Sempre digo que foi um acaso e uma questão de sorte eu ter descoberto o câncer nesse estágio extremamente inicial”

Na família de Tania já tinham acontecido muitos casos de câncer, de tipos diferentes: nos ossos, no pulmão, na mama. Uma sobrinha, de 32 anos, detectou, em 2016, um câncer de mama. Tania não teria descoberto o nódulo pequeno na sua mama direita se não tivesse feito a mamografia. “Eu estava em processo de reposição hormonal. Havia retirado o útero, entrava na menopausa e, no segundo casamento, queria estar linda e maravilhosa”. Tania conta isto, porque essa reposição hormonal pode ter sido um dos fatores que ajudaram a desencadear o câncer.

Desafios da descoberta e do tratamento

A hora de receber o diagnóstico sempre é um desafio. “Num primeiro momento eu pensei que o mundo tinha acabado, que eu tinha que me preparar para a partida. Meu marido, Marcos Flavio Montenegro, que é médico oncologista, ficou abaladíssimo. Sempre estivemos preparados para ajudar os outros e nesse momento éramos nós que precisávamos de ajuda”. Tania nos conta como ultrapassou este choque inicial e conseguiu sair dessa situação: “Em uma consulta, vendo como eu estava abalada, meu mastologista me disse: ‘Seu marido está no fundo do poço e é você que precisa ajuda-lo.’ Na hora, eu não entendi e pensei: ‘Mas sou eu quem precisa de ajuda’. Essa visão de que você não está sozinha me ajudou a mudar a perspectiva. A partir daí eu percebi que, sim, eu precisava estar bem e me cuidar, mas também queria estar forte para poder ajudar quem me amava”.

Logo que veio o diagnóstico, Tania ficou sabendo das etapas do tratamento que deveria fazer. Primeiro ela passou pela cirurgia e depois seguiu com os procedimentos. “Como detectei o câncer cedo e o nódulo era pequeno, não precisei retirar totalmente a mama direita, a chamada mastectomia radical. Removi apenas um quadrante, uma cirurgia conhecida como quadrantectocmia com esvaziamento axilar”. Retirar, além do nódulo, também parte do tecido da axila era importante para ter uma segurança a mais de que o câncer não iria se espalhar para outros órgãos do corpo. Depois, ela fez a quimioterapia e a radioterapia.

A diferença do cuidado mais humano

Os profissionais de saúde com uma abordagem humanista fizeram a diferença. “A quimio que eu fiz foi a branca, a mais leve. No início do primeiro ciclo eu estava com medo. Lembro-me que uma enfermeira chegou e aplicou um ‘sorinho’. A ideia, segundo ela, era para que eu fosse me adaptando. Ela me perguntou: ‘Está tudo bem? Posso começar a aplicar a quimio?’ Eu estava bem e respondi que sim. Ela completou, sorrindo: ‘Mas eu já terminei.’ Essa postura da enfermeira foi fundamental para que eu passasse a encarar as coisas de outra forma. Daí em diante toquei o barco, com todos os cuidados e enfrentando os altos e baixos, normais do tratamento, fiquei ótima. Fiz oito sessões de quimio e depois que terminou o oitavo ciclo comecei as 30 sessões de radioterapia. Incluídos no pacote do tratamento estavam a fisioterapia e o remédio que tive que tomar por 10 anos, para controlar a produção de hormônios. Não tive reações graves nem à quimio nem à radio. Perdi a metade do cabelo e aprendi a usar chapéu. Me divertia arrumando os vários modelos na cabeça. Você aprende a dar sentido a cada situação que enfrenta”.

Os cuidados que seguem

Agora, Tania segue se cuidando, fazendo os exames de mamografia, ultrassom das mamas, exames de sangue. Durante essa jornada ela sentiu que tinha uma missão e que devia ajudar outras pessoas. Até então não participava de nenhuma instituição ou ONG. Mas, vendo como estava bem, despertou para essa nova fase da vida. “O tratamento me colocou em contato com muita gente. Logo após a cirurgia comecei a fisioterapia, que me ajudou muito: recuperei os movimentos do braço e não tive um efeito colateral bastante comum, como o inchaço que vem desde o ombro até a mão, chamado de linfedema. O encontro com muitas pessoas durante a fisioterapia foi especial. Nos momentos em grupo, eu conversava muito. Falava não apenas do que eu sentia, mas ouvia o que as outras pessoas estavam passando. Como eu havia encontrado bons caminhos para enfrentar tudo aquilo, senti que também deveria ajudar os outros a enfrentar e superar. Eu sempre trabalhei com palestras. Usei essa minha facilidade de comunicação, meu know how de palestrante, para cumprir o meu papel nesta causa que assumia”.

Oferecer força e coragem para quem passa pelo câncer

Tania viu que não apenas as palestras deveriam levar informações que aumentassem a autoestima, mas era importante que as pessoas saíssem do evento com algo concreto, um símbolo da caminhada e dos cuidados para superação. Durante a trajetória, eu tinha em mente que seria muito bom desenvolver um produto que passasse um alerta. Criei uma peça aparentemente simples: o Chaveiro da Vida. Ele é formado de várias peças e a pessoa aprende a construir o objeto, passo a passo. Ela leva para onde for, todos os dias, como uma mensagem simbólica de alerta, de cuidados constantes com a sua saúde, de amor à vida. As pessoas passaram a ser multiplicadoras dessa mensagem, assim como eu”. Hoje Tania, que colabora com a FEMAMA, atua em muitas ONGs valorizando que a detecção precoce é o ponto número um. “Conseguimos atingir mais de 100 mil pessoas nos workshops e oficinas que ensinam a fazer o Chaveiro da Vida”. Tania faz palestras e, depois da conscientização, ensina cada um a construir um objeto real, para usar todos os dias.

Apoio para superar cada fase

O apoio que Tania recebeu foi fundamental em todo o processo. “Sei que sou privilegiada por ter um marido tão carinhoso e companheiro. Lembro que, em pleno período de quimioterapia e radioterapia, na hora de dormir, meu marido segurava minha mão e dizia: ‘Mais uma noite que vencemos! Vamos dormir bem juntos, como irmãozinhos’. Era muito delicado e emocionante. Depois que esse ano passou, eu costumo dizer para ele, rindo: ‘Dormir que nem irmãozinho já passou… a vida voltou ao normal’”.

Além do marido super companheiro, Tania contou com o apoio dos dois filhos, Gustavo e Mariana e dos cinco netos, Bárbara, Miguel, Vinicius, Maria Eduarda e Melissa. “A união e o apoio familiar é um suporte que nos ajuda demais a enfrentar os altos e baixos da doença. Sigo contando com o apoio do meu marido, no dia a dia, e dos filhos e netos também, de várias formas e em momentos diferentes”.

Novas perspectivas na vida

Toda a vivência do câncer deu uma nova noção da existência para Tania. “A vida mudou radicalmente durante e depois do enfrentamento da doença. Agora, meu foco é aproveitar os bons momentos da vida. Viver em paz. Não levo preocupações para a cama. Aprendi a ter paciência para aguardar as coisas. E também a estar disposta, sempre que possível, para estender a mão para quem precisa. Sei que estou no caminho e posso ajudar. Eu digo para quem está tratando o câncer: ‘Eu passei por isso e estou aqui. Sua trajetória também terá um final feliz’. Passar esperança é nossa missão. Na sala de quimio, quando eu vejo pessoas tristes e com medo, por exemplo, eu digo que já estive como elas e agora estou bem. É impressionante ver como a expressão delas muda, ver o sorriso que expressam”.

Tania foi e continua sendo cuidadosa no acompanhamento de sua saúde: durante um ano após a cirurgia, ela ia mensalmente ao médico para ver como estava. Depois, a recomendação foi fazer esse retorno de 6 em 6 meses. Até hoje, 20 anos depois do diagnóstico, uma vez por ano ela repete os exames de ressonância, a mamografia e as consultas médicas.

Como uma linda mensagem de superação, Tania, com seu largo sorriso, nos diz:

“Você tem que ter fé! Você precisa acreditar no que quer atingir na busca da cura. Sim, a gente sente muita coisa com o impacto dos primeiros momentos. Mas depois, nosso mundo, em vez de acabar, se amplia: eu vivo intensamente cada momento”

Tania foi escolhida “Embaixadora da Paz”, num projeto que reconhece pessoas que fazem o bem, assim como as eleitas de sete estados brasileiros. “Reestruturei minhas ações sociais e me identifiquei com pessoas que querem realizar o bem. Criamos um grupo chamado “Embaixadoras do Bem”. Para a pessoa ser qualificada como uma “Embaixadora do Bem” ela tem que ter um projeto em andamento e atuamos levando projetos – como os workshops dos Chaveiros da Vida; as palestras de autoestima; a Árvore do Bem, feita em EVA; workshops de dança e desfiles com crianças; entre outras ações – para hospitais e entidades que atuam em diferentes áreas de saúde e qualidade de vida. Não cuidamos apenas de pacientes com câncer, mas visamos quem mais precisa de apoio. O projeto “Embaixadoras do Bem” existe há menos de um ano e já atua em Curitiba, Balneário Camboriú e pelo interior do Paraná. Fazemos lives que conectam pessoas de todo país, da América Latina e várias partes do mundo. Em plena pandemia criamos o projeto e eu pude estar nas Nações Unidas, apoiando a causa do combate ao câncer de mama, em 2020”.

Enfim, Tania Gomez é uma Guerreira Vencedora, que nos ensina a ter fé, acreditar na vida, cuidar da saúde e sempre apoiar todas e todos que encontrarmos.


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