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CLAUDIA PATRÍCIA LUNA
Adquirir uma nova postura diante da vida, de si mesma e do espelho, resgatar o amor próprio (há tempos perdido) e se enxergar como uma mulher forte e bonita foi crucial para que a advogada Cláudia Luna, 35 anos, conseguisse vencer o medo de encarar os nódulos nos seios e reunisse toda a coragem e disposição necessárias para lutar contra eles. Cláudia, além de advogada, também é uma grande ativista na causa das mulheres. Ela conta como foi difícil descobrir os primeiros nódulos com 18 anos. Muito nova, tinha inseguranças em relação ao seu corpo que pioraram com o processo. Agora, depois de tudo que passou, incentiva outras pessoas que passaram por isso a transformar o veneno em remédio.
Doses de autoestima e amor próprio são fundamentais no enfrentamento de situações difíceis, inclusive no que diz respeito à saúde. Muitas vezes, o se gostar é o ‘remédio’ ativador da coragem e da disposição para fazer o tratamento da maneira adequada, como aconteceu com Claudia. Por meio de terapia, dieta, mudanças em seu comportamento e da visão que tinha sobre si mesma, ela passou a fazer exames periódicos de controle e a levar seu processo a sério.
“Graças a essa guinada, hoje, mesmo com todas as marcas que trago das cirurgias em meu peito, aprendi a me achar bonita, a amar meu corpo e, mais importante, a gostar de mim como mulher e como ser humano. Acho que esse foi o grande ganho da minha história”, acredita ela, que aos 18 anos descobriu os primeiros nódulos nos seios.
Por insegurança em relação à própria imagem, Cláudia não falava de seu problema com ninguém, nem com a própria mãe. “Não queria preocupar meus pais, porque iria mudar de cidade. Então, fiz várias operações para extrair aqueles caroços duros e superdoloridos que causavam a displasia mamária, mas que eu pensava ser câncer. Não era. Ainda. A displasia mamária acentuada aumentava muito as chances de vir a ser”, explica a advogada, que aos 25 anos precisou retirar um quadrante da mama.
As operações não pararam por aí. “Foram tantas intervenções que minha pele não aguentou, e meu peito ficou feio. Mas, tão desafiador quanto a questão estética, especialmente para uma pessoa que já tinha a autoestima tão baixa quanto eu, foi suportar as mágoas ao ouvir frases do tipo ‘tão jovem e com essa doença!’ e ‘como é que você acha que vai namorar faltando um pedaço do seu peito?’. Fiquei arrasada, claro. Mas, com muita luta dei a volta por cima”, lembra Cláudia, que passou a dar importância somente aos comentários bons. “Meu médico disse que aquela poderia ser uma oportunidade para eu mudar minha vida para melhor e ainda ajudar outras pessoas. Aquelas palavras me animaram e ficaram guardadas no meu coração, tanto que sempre que posso conto a minha história para incentivar outras mulheres a também seguirem em frente, como eu segui”, diz.
Claudia tinha realmente muitos problemas com sua imagem. Em pleno calor do verão no Rio de Janeiro Claudia usava blusas fechadas para que ninguém visse seu colo. Desde que enfrentou as várias cirurgias ela não tinha mais coragem de se olhar no espelho sem blusa de luz acesa. Até que participou dos ensaios fotográficos do Projeto De Peito Aberto e resolveu se abrir. Olhar para ela mesma, compartilhar sua história com outras pessoas. Ficamos muito felizes quando, em uma de nossas palestras ela disse em público: “Participar do Projeto De Peito Aberto tem me ajudado muito, encontrei uma forma de dar significado a tudo que vivi e agora posso falar abertamente sobre a minha experiência para animar outras pessoas a seguir em frente”. Claudia é nossa grande parceira. Casou novamente e realizou o grande sonho de ser mãe.
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