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MONICA GALVÃO
Uma psicóloga precisar de ajuda psicológica?! Entender que essa inversão de papéis era permitida e que confiar nos outros a fortaleceria ao invés de enfraquecer, foi fundamental para Mônica Galvão acessar seu poder interior no enfrentamento do câncer e para que ela descobrisse o quanto era amada.
“A grande lição que aprendi com o câncer de mama foi confiar nas pessoas e na vida”, conta a psicóloga clínica Mônica Galvão, 47 anos, que recebeu o diagnóstico oncológico em 2004, durante um exame de rotina. Não que ela duvidasse da capacidade de suas filhas, Nathália e Sophia, de sua família e de seus amigos em ajuda-la na hora do aperto. “Sabia que podia contar com eles, mas não imaginava o quanto. Foi uma linda descoberta! O apoio deles me ajudou a vencer”, afirma ela, que teve a mãe vinda de outro estado para ficar ao seu lado durante a cirurgia e os irmãos, mesmo com a vida corrida, completamente mobilizados em seu favor.
“Minhas filhas, que eram apenas adolescentes, foram tão maduras e positivas, e meu namorado resolvia questões práticas e ainda me dava carinho. Já os amigos, eram mestres em me fazer rir, em não deixar que eu me sentisse sozinha nem passasse por aperto financeiro. Para ter uma ideia, teve quem ofereceu sua aposentadoria para mim e outro tirou um maço de dinheiro do bolso para me dar. E fez isso mais de uma vez! Graças a eles descobri o quanto eu era rica… de amor!”, emociona-se Mônica, que teve sua vida profissional virada de cabeça para baixo.
“O desespero bateu forte, claro, especialmente porque o meu sustento vinha do meu trabalho. Ou seja, eu não podia parar; o que me apavorou. Mas, não teve jeito, já que durante a quimioterapia passei muito mal, fiquei careca e, como a maioria das pessoas não dá conta de ver a própria terapeuta fragilizada, acabei perdendo a maioria dos pacientes. Vários se despediram apenas por telefone. Minha renda despencou”, lembra.
A batalha financeira veio junto com a batalha emocional, já que depois das sessões de quimioterapia e radioterapia inúmeros nódulos começaram a surgir em outras partes do corpo, como no fígado, no ovário e no útero. “Pensei: agora eu tô lascada, vou morrer mesmo! Perdi as contas de quantos exames fiz e dos diagnósticos contraditórios que recebi, entre eles o de metástase no fígado, que depois ficou comprovado ser apenas um nódulo benigno. No meio dessa confusão toda ainda passei por médicos que me abordaram de maneira péssima, dizendo, por exemplo, que a emoção não ia me ajudar em nada. Estava fragilizada, estressada e desesperada quando encontrei apoio humanizado do meu mastologista e do radiologista. Para resumir, fiz diversas operações e constatei que não tinha mais nada. Mas, fiquei com sequelas: hepatite medicamentosa, pré-cirrose, taxas de colesterol elevadas, e engordei”, lista a psicóloga, que se trata com um hepatologista.
A arte de ‘ver o copo meio cheio’ ajudou Mônica a lidar com as mudanças no corpo e na aparência. “Me achei ridícula com peruca, então, assumi o visual careca até como símbolo da minha luta pessoal. Também ajudou demais fazer plástica nos seios, que estavam flácidos depois de amamentar; e eles ficaram ótimos. Depois da radioterapia, meu peito esquerdo cresceu um pouco, mas não ligo. Tanto que adoro me arrumar para sair, uso biquíni e cuido da minha beleza sem neuras”, diz. “Durante toda essa incrível trajetória, refleti muito e, por todo o amor e apoio que me permiti receber, senti profundamente o meu próprio poder de cura, percebi que temos mesmo um curador interno e se não o acessamos ficamos à deriva”, acredita ela.
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