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Durante o tratamento do câncer, a boca também costuma ser afetada. É comum ocorrer a diminuição de saliva, e isso provoca secura, mau hálito e favorece o aparecimento de aftas. Por vezes, os lábios também ressecam e os cantos da boca racham. Porém, tudo isso pode ser evitado ou pelo menos amenizado, e de maneiras bastante simples, para que a alimentação, a vida social e a vontade de sorrir não sejam prejudicadas.

Uma das tantas estratégias usadas com sucesso para suavizar o tratamento oncológico inclui consultar o dentista pelo menos duas semanas antes de iniciar a quimioterapia ou a radioterapia. “É importante dar atenção à saúde da boca para permitir que a pessoa, que já está emocionalmente fragilizada, desfrute de um convívio social adequado e não tenha dificuldades, dor ou insegurança para rir, falar ou comer”, esclarece o dentista Mario Groisman. “Imagine ter que suportar o incômodo de uma cárie ou de um canal por fazer porque está com a imunidade baixa por causa das sessões de quimioterapia e radioterapia?
Esse sofrimento pode ser evitado”, completa o especialista.

Ele lembra que a natural queda da imunidade durante o tratamento oncológico ainda aumenta a possibilidade de uma doença gengival. Daí a importância de caprichar na higiene bucal, que deve ser realizada sempre após as refeições e antes de dormir. Melhor ainda se a escova de dentes tiver cerdas macias, o creme dental for elaborado com flúor, o enxaguante bucal for livre de álcool e a escolha for pela fita em vez do fio dental – só assim para se certificar de que a passagem entre os dentes será feita de maneira mais delicada e eficaz.

De olho nos dentes

A consulta odontológica antes de iniciar as sessões de quimioterapia também serve para fazer alguns arranjos especiais. Entre eles, verificar pontas nos dentes e, se for o caso, arredondá-las; e trocar as restaurações desgastadas, para não irritar a mucosa da bochecha e da língua. Todo esse cuidado tem uma explicação: a quimioterapia afeta as glândulas salivares, reduzindo a produção de saliva. Como resultado, a boca fica extremamente seca e mais suscetível a lesões até mesmo por um simples arranhão causado por um dente mais pontudo.

Essa falta de umidificação também deixa o pH da boca ácido, levando à sensação de ardência na língua e na bochecha. Esse ambiente de alta acidez também favorece a formação de cáries e o surgimento de aftas. “Nessas circunstâncias, falar e comer fica muito difícil. A irritabilidade e o mau humor vão às alturas. O mau hálito também costuma incomodar, isso porque, sem a saliva, o processo natural de lavagem e remoção das células mortas da boca fica prejudicado”, diz o dentista Mario Groisman.

Aftas e companhia

A quimioterapia e a radioterapia provocam alterações na delicada mucosa da boca. “Além da afta em si, outra inflamação muito parecida com ela e que causa inchaço, vermelhidão e lesões no interior da boca se chama mucosite. É importante ficar atento porque a mucosa oral funciona como uma proteção, e quando há a quebra dessa barreira o risco de infecções oportunistas aumenta”, alerta a dentista Juliana Ganhito, especialista e mestra em periodontia pela Universidade de São Paulo. “Cerca de 40% das pessoas que foram tratadas com quimioterapia costumam apresentar a mucosite. E, quando se está fazendo também radioterapia, essa incidência aumenta consideravelmente”, afirma a doutora Juliana Ganhito.

“Por não saber da importância de consultar um dentista conhecedor dos efeitos da quimioterapia e da radioterapia na boca antes de iniciar o enfrentamento do câncer, durante meu tratamento oncológico, quebrei vários dentes e perdi dois deles. Por conta disso, agora preciso usar um aparelho ortodôntico até que a região cicatrize para, só então, poder fazer os implantes. Enfim, um transtorno que poderia ter sido evitado, ou pelo menos minimizado, se eu tivesse recebido o acompanhamento odontológico adequado”.

Leoni Margarida Simm, 63 anos, é socióloga e presidente voluntária da instituição AMUCC – Amor e União Contra o Câncer, de Santa Catarina, que trabalha pelos direitos das mulheres com câncer. Leoni tem câncer de mama metastático. Foi diagnosticada pela primeira vez há dezoito anos e já teve oito recidivas.

Soluções fáceis

A sensação de secura na boca provocada pelo tratamento oncológico geralmente é temporária. E se reverte de duas a oito semanas depois de realizada a última sessão. Mas, enquanto isso não acontece, há estratégias para estimular a salivação. Duas das mais recomendadas por dentistas e liberadas por oncologistas são usar chiclete com xilitol, um adoçante natural que não provoca cáries (portanto, nada de chiclete com açúcar), e spray de saliva artificial, que é vendido em farmácias e drogarias.

Para manter a umidificação, também ajuda muito beber pequenas quantidades de água várias vezes ao dia. E, como a secura bucal também atinge os lábios, que chegam a rachar nos cantos da boca, a recomendação é caprichar no hidratante labial com ou sem cor. “No caso de surgirem aftas, os tratamentos convencionais, à disposição em farmácias e drogarias, também podem ser usados por quem está fazendo quimioterapia. Porém, sempre alerto para jamais aplicar bicarbonato ou sal sobre as lesões, porque, além de provocar uma ardência terrível, isso pode aumentar a sensibilidade do local e piorar a situação e o estado geral da boca”, completa Mario Groisman. “No caso das mucosites, um tratamento muito eficaz é a laserterapia, que usa um laser de baixa intensidade com efeito analgésico e anti-inflamatório, capaz de cicatrizar as lesões que já existem e evitar que outras surjam”, diz a dentista Juliana Ganhito.